O verdadeiro testemunho cristão

Por Ruy Cavalcante

A palavra “Testemunha”, conforme nos apresenta o Novo Testamento, em textos como o de Atos capitulo 1, verso 8, tem o significado de “mártir”. Diz assim o texto:

“Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra” (At 1:8)
“αλλα ληψεσθε δυναμιν επελθοντος του αγιου πνευματος εφ υμας και εσεσθε μοι μαρτυρες εν τε ιερουσαλημ και εν παση τη ιουδαια και σαμαρεια και εως εσχατου της γης” (At 1:8)


Vejamos o que a wikipedia diz a respeito:

Mártir
Do grego "μάρτυς" (testemunha) tem a pronúncia (máartez) bem parecida com o português (transliterando - mártys). Já do grego “μάρτυρ” a transliteração seria mártyr.
O dicionário Michaelis define mártir como pessoa que sofreu tormentos ou a morte, pela fé cristã ou pessoa que sofre por sustentar as suas crenças ou as suas opiniões. 
Explicam alguns estudiosos que o significado que se pode extrair do texto bíblico (sereis minhas testemunhas - mártys) seria originalmente que seus apóstolos, nas palavras de Jesus, morreriam defendendo a fé, seriam mártires, pela propagação do Novo Testamento.

Durante muitos séculos, os cristãos testemunhavam de como conseguiram perseverar na fé mesmo diante de tantas perseguições e sofrimentos, ou então descreviam o testemunho de fé de irmãos martirizados por amor do Evangelho. O próprio Novo Testamento cristão pode ser considerado um testemunho de fé, e lá encontramos muitos relatos dos sofrimentos aos quais foram submetidos os apóstolos e os primeiros cristãos, testemunhos de uma vida digna, dedicada a causa de Cristo, mesmo submetidos a graves ameaças de morte, conforme o exemplo de Estevão (Atos 7), o que confirma o real significado desse termo.

Hoje muita coisa mudou. Ideologias seculares como o humanismo, especialmente em países capitalistas ocidentais como o Brasil, modificaram a cosmovisão cristã. Hoje chamamos de testemunhos cristãos qualquer coisa que tenha nos beneficiado ou que conseguimos adquirir. 

Por exemplo, testemunhamos de como Deus "nos deu" um carro, uma moto, um novo smartphone, e os outros ficam maravilhados. Quando fazemos isso no culto ouvem-se brados de vitória ensurdecedores, os olhos brilham e o coração dos outros se enchem de “fé”, mas que na verdade não passa de uma esperança de conseguir comprar os mesmos bens.

Como nós, cristãos evangélicos, somos fúteis, ignorantes e vaidosos!

E eu pergunto: Por que Deus está dando de presente tantos bens materiais para pessoas com uma vida cristã tão fraca?

Por que Ele não dá um prato de comida para as crianças que estão passando fome mundo afora, neste exato momento? Por que Ele não polpa da prisão e da tortura nossos irmãos que, neste exato momento, vivem e pregam o Evangelho de Cristo em países como a Korea do Norte, dando com seu sangue verdadeiros testemunhos cristãos?

Por que ele não deu de presente para nossos irmãos queimados na fogueira por pregarem a verdade, durante a idade média, uma morte menos dolorosa?

Não, no lugar de fazer isso ele nos dá carros, motos e celulares. Justamente para nós, evangélicos brasileiros, que vivemos num mundo paralelo, como se o centro do universo fosse nosso próprio umbigo. Crentes que por um beliscão negariam a cruz.

Somos uma raça tão fraca, tão imbecil, que reduzimos a Graça de Deus a bens materiais. Uma cambada de crentes que vive de fantasias, mal sabendo que o final será bem diferente daquelas reproduzidas pelos filmes de Hollywood, pois é um conto de fadas sem final feliz.

Não estou com isso negligenciando o fato de que devemos tudo o que temos e somos a Deus. Devemos sim dar graças a Deus por tudo, mas esse humanismo que vivemos aqui no Brasil é uma afronta ao evangelho, e mais ainda, uma afronta aos nossos irmãos que morreram buscando essa liberdade que hoje temos, e que a temos por causa do sangue deles.

Que se deem testemunhos reais de Cristo, de sua morte, da negação do eu e da transformação do coração humano, e deixemos que aqueles que amam o dinheiro falem e exaltem os benefícios que ele pode comprar.

Mas se você, querido irmão, for um destes, a ponto de mistura-los com a Graça, misericórdia é do que você precisa, não de carros...

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