Verdade ou paz?

Por Ruy Cavalcante

 “Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada. Porque eu vim pôr em dissensão o homem contra seu pai, a filha contra sua mãe, e a nora contra sua sogra, e assim os inimigos do homem serão os da sua própria casa”. (Mt 10.34-36)

No meio evangélico atual, existe certa ideologia equivocada de qual deve ser a postura do cristão frente a erros cometidos por “homens e mulheres de Deus”. Falo de erros doutrinários e não da vida pessoal destas pessoas.

Em resumo, é ensinado e repetido quase que consensualmente, que não devemos criticar falsas doutrinas, pois temos a obrigação de amar mesmo àquele que procede falsamente e, uma vez criticando seus ensinos, estaríamos causando conflitos e dissensões e isso não pode acontecer entre irmãos. Devemos amar e, em nome do amor, evitar gerar tais conflitos. Quem procede de outra maneira é tido como falso irmão, carnal e julgador.

A verdade é que, como já indiquei em outros artigos, temos uma visão deturpada sobre o amor e, por isso, achamos que Jesus Cristo é uma espécie de príncipe encantado dos filmes de Hollywood. Não irmão, o amor de Deus é perfeito, mas o amor dos cinemas não é.

Um príncipe de Hollywood esconde conspirações, faz acordos suspeitos, engana reinos inteiros, tudo para que sua amada não sofra, seja ela princesa ou plebeia. Todas as suas atitudes estão voltadas para um único fim: terminar o filme feliz para sempre com seu par.

Sinto informar que este amor não é bíblico e Jesus jamais se dispôs a abandonar a verdade e a justiça para agradar quem esperava ser agradado.

Jesus jamais, sob o argumento do amor e da comunhão, deixou de fazer o que era certo fazer. Mesmo sabendo dos perigos que isso podia lhe causar, Ele continuou confrontando e denunciando os pecados e as más atitudes dos fariseus, saduceus, publicanos e outros líderes de sua época. E independente de profecias anteriores, isso causou sua morte.

Jesus nunca omitiu a verdade, por mais doloroso que isso fosse para si mesmo ou para os que andavam com ele. Mesmo amando Ele não hesitou em confrontar Pedro asperamente (Mt 16:23), acusou escribas e fariseus de hipocrisia e falsidade (Mt 23:13), de raça de víboras (Mt 23:33). E o que falar de João Batista que, por não omitir a verdade (Mt 14:1-12), foi decapitado? Temos ainda Paulo que, mesmo considerando-se um apóstolo fora de tempo e inferior ao outros (1Co 15:8-9), confrontou o erro de Pedro publicamente (Gl 2:11-14).

Preste atenção meu irmão e minha irmã: O Evangelho Verdadeiro gera conflitos! Não podemos omitir a verdade sob a batuta de que isso irá gerar desavenças, pois esse é justamente um dos papeis das boas novas, o de confrontar a velhas!

Nós, como seres humanos pecadores, não podemos julgas corações, pois não temos poder para sondá-los, mas somos obrigados a confrontar o engano que se instala em nosso meio. Temos a responsabilidade de zelar pelo Evangelho genuíno e denunciar os falsos ensinos, mesmo que isso gere perseguições e contendas.

O evangelho é mais importante que o nosso bem estar! A verdade é mais importante que a mentira. Somente a verdade tem poder contra o pecado, a verdade do Evangelho. Somente ela pode sarar os males de nossa sociedade que está doente, em grande parte, por causa do erro que tem se instalado no coração dos nossos irmãos. Erros como o de achar que Jesus aguarda ofertas para poder nos abençoar, ou que Ele está de olho no tipo de carro que você dirige e não na forma como você tem reagido aos desejos do teu coração.

Não se omita irmão. No que depender de você, ande em paz com todos, mas tome o cuidado de que para isso você não precise abandonar o Evangelho.

Não seja covarde nem tente persuadir os corajosos a abandonar a verdade em nome de um amor deficiente. O amor verdadeiro é o amor de Deus, o mesmo Deus que confrontou e ensinou a confrontar o engano.

Estejamos, pois atentos à causa do Evangelho.

Por um evangelho verdadeiro e por uma apologética prática, anuncie a verdade, mesmo que ela seja dolorosa!

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